Natural de Franco da Rocha, Erika Hilton, de 31 anos, traz em sua trajetória uma história de superação e pioneirismo. Desde a adolescência, sua vida foi marcada pela luta pela sobrevivência e pela defesa da própria identidade de gênero. Expulsa de casa aos 14 anos, a jovem enfrentou a dura realidade das ruas, recorrendo à prostituição para se sustentar.
Aos 19 anos, Hilton conseguiu se reconciliar com a família e retomou os estudos, completando o ensino médio por meio do Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Em seguida, ingressou na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde cursou pedagogia e gerontologia. Na universidade, criou um cursinho pré-vestibular voltado para mulheres trans e travestis, contribuindo para o acesso desse público ao ensino superior.
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Hilton ganhou visibilidade em 2015, após um incidente com uma rede de ônibus que se recusou a usar seu nome social na passagem. O caso, que repercutiu amplamente nas redes sociais, impulsionou sua luta contra a discriminação e a consolidou como líder na defesa dos direitos LGBTQIA+.
No ano seguinte, iniciou a trajetória política ao se filiar ao PSOL e disputar uma vaga de vereadora em Itu, interior paulista. Embora não tenha sido eleita, sua persistência foi recompensada em 2020, quando concorreu ao cargo de vereadora em São Paulo, alcançando uma vitória histórica: foi a mulher mais votada do país, com mais de 50 mil votos.
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Em 2022, Hilton alcançou o marco que a colocaria de vez na história política do Brasil. Eleita deputada federal por São Paulo com mais de 250 mil votos, tornou-se a primeira deputada federal negra e transexual do país. Desde então, atua na Câmara dos Deputados em defesa dos direitos das minorias, pautando temas de impacto social.
Atualmente, Hilton se concentra na proposta de emenda constitucional de sua autoria que visa extinguir a escala de trabalho 6×1, em que o trabalhador labora seis dias e descansa apenas um. A PEC já conta com o apoio de 134 parlamentares, sendo 80 do PSOL e do PT, refletindo o amplo apoio da esquerda à medida. Para a deputada, o fim da escala 6×1 representa um avanço nas condições de trabalho dos brasileiros, com impacto direto na saúde e qualidade de vida dos trabalhadores.