Butantan pede à Anvisa registro de vacina nacional contra a dengue

Imunizante tetravalente pode ser aplicado em dose única e protegerá contra os quatro sorotipos da doença

Sesa-PR
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O Instituto Butantan protocolou nesta segunda-feira (16) o pedido de registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a Butantan-DV, a primeira vacina contra a dengue desenvolvida no Brasil que pode ser aplicada em dose única. O imunizante, tetravalente e destinado a pessoas entre 2 e 60 anos incompletos, promete ser um avanço significativo no combate à doença, cuja incidência disparou em 2024.

De acordo com o instituto, a vacina demonstra eficácia de 79,6% na prevenção de casos sintomáticos e alcança 89% de proteção contra dengue grave ou com sinais de alarme. Estudos também apontam que a imunização, aplicada em dose única, entrega resultados em até 15 dias e mantém eficácia especialmente contra os sorotipos 1 e 2 por até 3,7 anos.

Para Esper Kallás, diretor do Butantan, a submissão do pedido marca um marco na ciência nacional. “A tecnologia foi trazida como protótipo dos Estados Unidos, mas foi aqui que houve o grande investimento, principalmente por Fapesp, Governo de SP, BNDES e Ministério da Saúde. O financiamento foi fundamentalmente nacional”, destacou.

Avanço no combate à dengue

Se aprovada, a vacina será produzida no Brasil, atendendo a uma demanda crescente: os casos de dengue triplicaram em 2024, segundo o Ministério da Saúde, agravados por mudanças climáticas e altas temperaturas. Atualmente, a única vacina disponível no país, a Qdenga, precisa de duas doses e é importada, o que limita a cobertura vacinal.

Com a Butantan-DV, o instituto estima entregar 1 milhão de doses já em 2025, com capacidade de produção ampliada para 100 milhões até 2027. “Estamos trabalhando na melhoria produtiva. O objetivo é consolidar o combate à dengue no país nos próximos anos”, disse Kallás.

Além de sua eficácia, a vacina do Butantan apresenta uma logística mais prática, dispensando múltiplas aplicações e ampliando o alcance na população. Segundo o diretor, o instituto está em diálogo com o Ministério da Saúde para definir estratégias de distribuição.

A Anvisa, que já recebeu 85% da documentação durante o processo de submissão contínua, poderá acelerar a avaliação do imunizante. O Butantan acredita que a aprovação será um passo essencial para controlar a dengue, uma das doenças mais desafiadoras do cenário de saúde pública brasileiro.

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