O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito neste sábado (1º) presidente da Câmara dos Deputados para o biênio 2025-2026. Aos 35 anos, ele se tornou o mais jovem a assumir o cargo desde a redemocratização. Motta recebeu 444 votos, derrotando Marcel Van Hattem (Novo-RS), que obteve 31 votos, e Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), que somou 22 votos.
A eleição foi marcada por uma ampla aliança, que reuniu 17 partidos, incluindo siglas do governo e da oposição. O bloco de apoio a Motta contou com PL, PT, União Brasil, PP, Republicanos, MDB, PSD, PSB, PDT, Podemos, entre outros, totalizando 494 deputados.
Articulação política e apoio de Lira
A candidatura de Motta ganhou força após a desistência de Marcos Pereira (Republicanos-SP), presidente da sigla, e teve o apoio direto do então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A articulação envolveu a distribuição de espaços na Mesa Diretora, presidências de comissões e até indicações para o Tribunal de Contas da União (TCU).
Entre os eleitos para a Mesa Diretora estão Altineu Côrtes (PL-RJ) na 1ª vice-presidência e Carlos Veras (PT-PE) na 1ª secretaria. Além disso, Elmar Nascimento (União Brasil-BA) assume a 2ª vice-presidência, e os deputados Lula da Fonte (PP-PE), Delegada Katarina (PSD-SE) e Sérgio Souza (MDB-PR) ocuparão as secretarias.
Compromisso com democracia e transparência
Em seu primeiro discurso, Hugo Motta destacou seu compromisso com a democracia e fez um gesto simbólico ao levantar a Constituição Federal, repetindo ato de Ulysses Guimarães na promulgação do texto. “Tenho certeza que o passado é um caminho sem volta, termina na destruição da política, no colapso da democracia, e não podemos correr o risco de experimentar”, afirmou.
Motta também defendeu maior transparência nos gastos públicos e propôs a criação de uma plataforma digital integrada entre Legislativo, Executivo e Judiciário para acompanhamento em tempo real das despesas governamentais.
Desafios no comando da Câmara
Entre os desafios do novo presidente da Câmara está a pressão para pautar a anistia aos presos do 8 de Janeiro. Durante a campanha, Motta evitou se posicionar sobre o tema para manter o apoio tanto do PL quanto do PT. Enquanto bolsonaristas esperam avanços na pauta, governistas afirmam que não há clima para discutir o assunto.
Além disso, Motta terá que administrar a relação entre o Legislativo e o governo federal. O presidente Lula já demonstrou disposição para dialogar e manter uma relação amistosa com o novo líder da Câmara, especialmente de olho em 2026.
Histórico e trajetória política
Hugo Motta iniciou sua carreira política cedo e está em seu quarto mandato como deputado federal. Em 2011, tomou posse na Câmara aos 21 anos, sendo o parlamentar mais jovem da época. Em 2015, ganhou projeção ao presidir a CPI da Petrobras durante a Operação Lava Jato.
Na última eleição, em 2022, foi o deputado mais votado da Paraíba, com 158.171 votos. Agora, como presidente da Câmara, passa a ser o segundo na linha de sucessão da Presidência da República, atrás apenas do vice-presidente Geraldo Alckmin.
A vitória expressiva de Motta e sua capacidade de articulação mostram que ele chega ao cargo com força política, mas enfrentará desafios para equilibrar os interesses do governo, da oposição e do chamado “Centrão” nos próximos dois anos.
Fonte: Agência Câmara de Notícias