Um criminoso procurado pela Justiça de São Paulo há 17 anos foi preso na segunda-feira (10) enquanto participava da fase oral do concurso público para o cargo de investigador da Polícia Civil do estado. Cristiano Rodrigo da Silva, de 40 anos, é acusado de homicídio, roubo e falsidade ideológica por se passar por policial civil em um crime ocorrido em 2006.
A prisão ocorreu dentro da Academia da Polícia Civil (Acadepol), no Butantã, Zona Oeste da capital paulista. Segundo o boletim de ocorrência, a captura foi coordenada após o setor de inteligência da Polícia Civil identificar um mandado de prisão em aberto contra o candidato. Assim que ele chegou para a prova, os policiais deram voz de prisão.
+ Mulher é presa com 180 quilos de cocaína após investigação da Polícia Civil de Franco da Rocha
Cristiano era procurado desde 11 de novembro de 2007, por envolvimento na execução de José Roberto Nogueira Ferreira, funcionário de uma pizzaria da Zona Leste da capital. Conforme o inquérito, em 9 de novembro de 2006, ele e o comparsa Ricardo Fabiano da Silva Coutinho se passaram por policiais do 46º Distrito Policial de Perus, usando um carro com as cores das viaturas da Polícia Civil. A dupla algemou a vítima, roubou seu carro e a levou até Mairiporã, onde ela foi morta com um tiro na cabeça. O veículo de José Roberto foi encontrado incendiado em Guarulhos.
Apesar do mandado de prisão, Cristiano conseguiu avançar em três das cinco etapas do concurso público, incluindo a fase de investigação social — etapa que deveria analisar a idoneidade e a conduta do candidato. Segundo o edital do certame, essa fase tem caráter eliminatório e busca “identificar condutas incompatíveis com o exercício da função policial”.
+ Visitante é presa tentando entrar com drogas na Penitenciária de Franco da Rocha
Em nota, a Polícia Civil explicou que, segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), a investigação social não pode eliminar um candidato, a menos que haja uma condenação criminal definitiva, o que não era o caso de Cristiano. “Após ser identificada a existência de mandado de prisão contra o candidato, ele foi preso, ficando impedido de realizar a etapa seguinte, o que resultou em sua desclassificação”, afirmou a corporação.
O comparsa de Cristiano, Ricardo Fabiano, foi preso à época e condenado a 14 anos e nove meses de prisão. Já Cristiano, que conseguiu fugir da Justiça por quase duas décadas, agora deverá responder pelos crimes de homicídio qualificado, roubo e falsidade ideológica.
A prisão durante o concurso levanta questionamentos sobre os mecanismos de filtragem e investigação social aplicados em concursos da área de segurança pública, já que o foragido chegou a ser aprovado em fases que avaliam a conduta e a ficha criminal dos candidatos.