A fumaça branca subiu. O mundo prendeu a respiração por alguns segundos e, enfim, ouviu-se o anúncio que ecoa desde séculos: Habemus Papam.
Com a escolha do novo pontífice, a Igreja Católica ganha não apenas um sucessor para São Pedro — ganha (ou espera ganhar) um farol. Um guia capaz de iluminar os passos de uma instituição milenar que, apesar da história, caminha hoje entre névoas espessas de polarização, crises morais e perda de relevância diante de um mundo cada vez mais fragmentado.
O novo Papa assume a cátedra de Pedro logo após um pontificado marcado pela coragem. Francisco enfrentou a cúria, visitou os esquecidos, abriu portas que antes estavam trancadas por dentro. Pregou a fraternidade, denunciou a fome, clamou por justiça climática, incomodou conservadores e desafiou populistas. Foi amado por muitos, atacado por outros tantos — inclusive dentro da própria Igreja.
Agora, seu sucessor carrega a delicada missão de dar continuidade a esse legado sem permitir que a barca de Pedro naufrague em mares ideológicos. Sim, porque o que está em jogo não é apenas a doutrina, mas a unidade. E numa Igreja onde padres pedem armas, bispos flertam com extremismos e fiéis se dividem mais por partidos do que por evangelhos, manter a luz acesa é quase um milagre diário.
Mais do que um líder espiritual, o novo Papa precisará ser um equilibrista da fé — firme, mas generoso; doutrinário, mas pastoral; tradicional, mas aberto à escuta. Porque a escuridão de hoje não vem só de fora: muitas sombras também habitam dentro dos muros sagrados do Vaticano.
Que ele tenha mãos firmes e pés no chão. Mas, acima de tudo, que tenha olhos de faroleiro. A Igreja precisa de luz. O mundo também.