O consumo de bebidas alcoólicas pode estar prestes a enfrentar a mesma campanha de conscientização que marcou o combate ao cigarro nos Estados Unidos. Vivek Murthy, a autoridade máxima em saúde pública do país, lançou um alerta contundente: beber, mesmo que moderadamente, pode colocar a saúde em risco, especialmente devido à ligação direta entre o álcool e diversos tipos de câncer.
De acordo com estudos recentes, o consumo de álcool está associado a um maior risco de pelo menos sete tipos de câncer, incluindo de mama, fígado e cólon. Nos Estados Unidos, mais de 100 mil novos casos de câncer e 20 mil mortes anuais estão diretamente relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas. Globalmente, esse número sobe para 740 mil casos em 2020.
Murthy defende a adoção de rótulos de advertência nas embalagens de bebidas alcoólicas, similares aos utilizados em maços de cigarro. A medida visa aumentar a conscientização, já que menos da metade dos americanos reconhece a relação entre o álcool e o câncer.
A estratégia segue os passos do que foi feito com o tabagismo nas décadas passadas. Após a publicação de evidências científicas sobre os riscos de fumar, regulamentações rigorosas, como rótulos de alerta e proibição de propagandas, foram implementadas. O resultado foi uma redução drástica no número de fumantes adultos, de quase 50% em 1965 para 11,5% hoje.
Especialistas acreditam que uma abordagem semelhante pode mudar a percepção do público sobre o consumo de álcool, promovendo hábitos mais saudáveis e reduzindo os riscos à saúde. Enquanto o debate avança, o álcool já ocupa o posto de terceira principal causa evitável de câncer nos EUA, atrás apenas do tabaco e da obesidade.