Em meio à alta nos preços do café, consumidores brasileiros estão recorrendo a uma alternativa mais barata, mas preocupante: o “café fake”. Vendido por cerca de R$ 15 o pacote de 500 gramas — quase metade do preço das marcas tradicionais, que variam entre R$ 25 e R$ 30 — o produto tem ganhado espaço nas prateleiras dos supermercados. Apesar do sabor semelhante ao café puro, o “café fake” mistura pó de café com cascas, palha, pau, mucilagem e outros aromatizantes, além de impurezas desconhecidas, segundo testes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
A professora Andrea Shima, do curso de Gastronomia da EAD UniCesumar, alerta que o produto não pode ser considerado café. “O pó de café verdadeiro é extraído do grão puro, seco e torrado. Já o ‘café fake’ é uma mistura de resíduos e aditivos que não oferecem as mesmas propriedades”, explica. Além disso, o produto não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que torna sua comercialização irregular, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
O aumento de 39,6% no preço do café em 2024, conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), impulsionou a procura por alternativas mais baratas. No entanto, especialistas alertam que o consumidor precisa ficar atento aos rótulos e desconfiar de preços muito baixos.
“Esse tipo de camuflagem não é novidade na indústria alimentícia. Vemos o mesmo com bebidas lácteas que se passam por iogurtes ou achocolatados vendidos como chocolate em pó”, destaca Shima. Ela recomenda sempre verificar a procedência do produto e optar por marcas certificadas para evitar riscos à saúde.