PT faz alianças com partidos de direita em disputas municipais estratégicas

Apesar de rivalidade nacional, PT se une a PL e Republicanos em cidades onde alianças são vistas como chave para vitória

Reprodução/Instagram
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O Partido dos Trabalhadores (PT), historicamente posicionado à esquerda do espectro político brasileiro, tem formado alianças com partidos de direita, como o Partido Liberal (PL) e o Republicanos, em diversos municípios do país nas eleições de 2024. Mesmo com uma rivalidade acirrada em nível nacional, sobretudo com o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, o pragmatismo eleitoral tem levado o PT a buscar alianças com esses partidos em cidades onde a conveniência local justifica essas coligações.

Segundo dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), PT e PL estão no mesmo palanque em 85 cidades. Essas alianças se repetem mesmo com uma resolução nacional do PL que proíbe coligações com partidos de esquerda. Para o cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da FGV, a lógica é clara: “O que importa é a viabilidade de ganhar a eleição e maximizar o retorno do investimento naquela candidatura”, explicou Teixeira ao g1. No Maranhão, estado com forte presença da esquerda, PT e PL apoiam o mesmo candidato a prefeito em 22 cidades, enquanto em São Paulo, governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), 12 candidaturas contam com o apoio das duas legendas.

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Essas coligações, no entanto, nem sempre são livres de conflitos. Em Francisco Morato, uma aliança inicial entre PT, PL e Republicanos acabou sendo desfeita após a repercussão negativa nas redes sociais sobre o apoio do PL a uma chapa que incluía o PT. Conforme relatado pela Gazeta do Povo, o diretório nacional do PL, liderado por Valdemar Costa Neto, determinou que o partido recuasse, seguindo sua proibição de coligações com a esquerda. “Por uma resolução do Valdemar, o PL de Francisco Morato seguirá sozinho”, afirmou Jesus Donizetti, presidente municipal do partido.

O PT, por sua vez, tem sido estratégico ao buscar alianças que favoreçam seus interesses locais. Chicão Bernabé, candidato a vice-prefeito pelo PT em Francisco Morato, destacou que, embora as alianças possam gerar controvérsia dentro da própria sigla, a prioridade é entender as dinâmicas locais. “Aqui na cidade, não existe a briga ideológica, mas entre pessoas”, comentou ao lembrar de coligações anteriores do PT com partidos de direita na cidade.

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Denilde Holzhacker, cientista política da ESPM, reforça que essas alianças municipais são frequentemente movidas por conveniência, sem grande conexão com as diretrizes nacionais. “É uma eleição muito personalista, onde os partidos buscam formar alianças para aumentar sua competitividade e garantir uma maior presença política”, disse à Gazeta do Povo. A especialista observa que as coligações em cidades-chave garantem influência nos repasses de verbas e no acesso ao fundo partidário, além de fortalecerem a base local para futuros pleitos estaduais e nacionais.

Esses movimentos demonstram que, apesar de divergências profundas em nível federal, o PT tem flexibilizado suas alianças quando necessário, formando coalizões que visam maximizar suas chances eleitorais em disputas municipais estratégicas.

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