O resultado das eleições municipais de 2024, em Franco da Rocha, fez valer o ditado popular que diz: “Quem tudo quer, nada tem!”
Quem conhece a história política da cidade sabe que o PT de Franco da Rocha se consolidou no comando político municipal sem qualquer problema com a oposição.
Desde 2013, quando Kiko Celeguim assumiu o Executivo Municipal, seu poderio político vinha crescendo de forma exponencial.
Sucessivas conquistas inéditas desde que foi eleito o mais jovem vereador de Franco da Rocha em 2004, com apenas 20 anos, fizeram Kiko Celeguim colecionar ineditismos que o credenciaram a ocupar o espaço de maior líder político da região, chegando à Câmara Federal, em Brasília.
Antes disso, o cenário eleitoral de 2020 demonstrou — ou pelo menos foi o que pareceu — que havia um acordo para que o atual prefeito, se eleito, cumprisse apenas um mandato.
O suposto acordo seria para garantir que, caso o projeto de eleição para deputado não se viabilizasse, pai (Maurici) ou filho (Kiko) poderiam se candidatar, retornando ao comando municipal sem enfrentar qualquer desgaste com o grupo político.
Aconteceu que, em 2022, pai e filho eleitos assumiram um protagonismo singular, o que os fez acreditar ainda mais que teriam domínio absoluto da política local.
Ao mesmo tempo, companheiros que militavam e contribuíam para que Kiko e o PT municipal alcançassem voos mais altos começaram a deixar seus cargos, bem como o partido, descontentes com a forma desleal e desdenhosa com que estavam sendo tratados. O ano de 2024 chegou e, conforme aparentava, Dr. Nivaldo, então prefeito, declinou de concorrer às eleições do município.
“Quem tudo quer, nada tem.”
Lorena Oliveira, vice-prefeita, percebendo a movimentação de bastidores, busca o diálogo para ser a candidata natural à sucessão, oportunidade que não lhe é garantida.
Marcus Brandino, irmão mais velho de Kiko, é o escolhido para ser o candidato a prefeito, decisão esta que fez grande parte do grupo político entender que o projeto de união da cidade estava ficando para trás, dando lugar ao projeto de poder familiar.
Lorena, sentindo-se preterida pelo grupo que sempre apoiou e do qual foi parceira de todas as horas, decide se desfiliar do Partido dos Trabalhadores, fato considerado de pouca importância, ou seja, deram de ombros para sua decisão.
“Se foram inéditas as suas conquistas, inédita também sua derrota para adversários que não precisava ter.”
Quanto mais o PT crescia, mais deixava os importantes sem importância, até que os sem importância resolveram se unir para lançar a candidatura de Lorena Oliveira para ser a primeira prefeita da história de Franco da Rocha e, assim, dar continuidade aos projetos de união da cidade.
Em poucos meses, Kiko colocou a perder tudo o que conquistou. Seu comando navegava em mares tranquilos, era voo sem turbulência, corrida sem obstáculos.
Três mandatos consecutivos sem oposição, opositores ou desgastes. Pelo contrário, tudo certinho, tudo alinhado, tudo caminhando perfeitamente.
“Ninguém está tão bem que não possa cair, tampouco está tão mal que não possa subir.”
Máquina na mão, prefeitura sob controle, o pai deputado estadual, Kiko Celeguim saboreava o recall de admiração como um jovem de talento se tornando deputado federal, o primeiro de Franco da Rocha e região.
Não apenas isso. Toda a máquina do Governo Federal à disposição, com apoio de secretários, ministros e da Presidência da República.
A política brasileira tem mostrado ao longo da sua história que nenhum político está tão bem que não possa cair, tampouco está tão mal que não possa subir.
Se foram inéditas as suas conquistas, inédita também sua derrota para adversários que não precisava ter.
Agora, o PT precisa deixar a mulher trabalhar! Quem ganhou, festeja e administra. Já quem perdeu, engole o choro e fiscaliza!
Como diz o jingle: “A mulher sabe fazer, tem que respeitar.”
Quem antes havia ficado de fora agora está de volta para o futuro.
** Marcelo Cypriano foi vice-prefeito de Franco da Rocha na gestão 2005 – 2008.